quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

O Espelho e suas Verdades (Parte 02)

Somos iguais em nossas diferenças
E diferentes em nossa igualdade
Somos nossas próprias interferências
Questionando o próprio universo, em busca de verdades

Dizem que os fins justificam os meios
Quando na verdade, são os meios que justificam os fins
Mas, vai entender, cada um enxerga exatamente aquilo que quer ver

Dizem que o mundo é injusto, mas se esquecem que não estamos no paraíso
Todos reclamam do caos, dizem até que aqui é o inferno
Coitados, mal sabem eles, que tudo aqui é um sonho, com uma leve mistura de pesadelo

Ninguém é nada, ninguém é tudo
Aqui nesse jardim, todos são frutos
No fundo, ninguém é pobre e ninguém é rico
São apenas almas confusas, tentando achar a saída do próprio labirinto

Se a verdade realmente existe, mostre-me como chegou até ela
Se ela não existe, mostre-me como chegou a essa conclusão
Mas se todos ao meu redor ouvissem o meu chamado
Teríamos então uma esperança, no meio de tudo que está errado

Eu não sou Deus, não sou um anjo ou um serafim
Sou apenas um viajante, procurando abrigo para o lobo uivante que há em mim
Eu não me canso, descanso, pois ainda não é o fim
Sossegue o facho, eu não me acho, apenas me encontro, isso sim

Todos dizem a verdade, só que não conseguem não dizer a mentira
Todos ousam em falar bobagens, mas não ousam sentir alegria
Muitos tem coragem, poucos não tem medo
Muitos embarcam nessa viagem, porém, poucos chegam a tempo

Ninguém é falso, ninguém é verdadeiro
O próprio tempo se encarrega de nos fazer prisioneiros
Ninguém está errado, ninguém está certo
Estão todos sobrevivendo, nessa selva de concreto

Nada nessa vida é eterno, porém nada é tão efêmero
Um amor pode até “morrer”, mas a lembrança é um veneno
Logo, perceberás, o quanto o tempo nos surpreende
Quando a brisa tocar seu rosto pela última vez, lembrarás de um passado que já foi presente

E então, acordarás subitamente em algum lugar
Caminharás por cima de teu destino
Abrirás os olhos e verás qual foi tua sentença
Acordarás de um sonho, e sonharás com a realidade





          -G F J                                                                                                              22/06/2014

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

O Espelho e suas Verdades (Parte 01)

“Chego a achar graça quando ouço aquele ditado
Que o certo é o certo e o errado é o errado
Que pretensão mais descabida essa, rotular é um tremendo equívoco
Nosso interior é um labirinto, e o ser humano é recíproco

Ninguém é Deus e ninguém é Diabo
Mesmo errando a gente acerta, e quando acerta, faz errado
Quando arriscamos perdemos, mas se não arriscamos, não ganhamos
Cada espelho tem seu reflexo, assim como cada ser humano

Ninguém é bom, ninguém é mau
Somos todos viajantes
Andando por essa estrada infernal
Escondemos em nosso interior, o lobo uivante

Dizem que o amor liberta
Quando na verdade, ele condena
Condena o bom senso, o egoísmo
Condena tudo ao nosso redor, sem haver sequer um motivo

Ninguém é bom o bastante
E nem ruim o suficiente
Você não passa de um ser errante
Que assim como eu, se arrasta em suas correntes

Dizem que o tempo é um devorador
Para mim, ele é mais que isso
É um elemento enlouquecedor, a verdade é essa
Capaz de transformar tudo em nada, ou vice-versa


Aprendemos com os erros
E erramos quando aprendemos
Palavras são duradouras,
Quanto as atitudes, permanecem efêmeras

O diálogo vence a guerra
E mesmo sabendo disso, o homem erra
Erra talvez, não porque goste de errar,
Mas porque acredita no que deseja, acredita que mesmo errando, ainda pode acertar

Muitos falam o que pensam
Outros, pensam o que falam
E no final, tudo permanece igual,
A verdade em meio a mentira, a mentira em meio a verdade

O começo se entrega ao fim
E o presente, se entrega ao final
A vida e seus mistérios, o tempo e seus enigmas
Onde toda loucura é sábia, onde a ilusão encontra a mútua realidade”.




-G F J                                                                                                                 21/06/2014